quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A música da Literatura

Ontem, o Rubem Alves foi a Contagem falar sobre leitura. Aproveitei para conversar um pouquinho como leitora de seus livros. Gostei muito. Vou colocar abaixo a matéria que fiz para a Prefeitura (bem institucional, ainda não foi editada) rs, depois faço a minha versão pessoal! rsrsrs
Rubem Alves incentiva educadores de Contagem a ensinar a música da Literatura
“Nossos jovens não têm o hábito de ler porque nunca ouviram a música da Literatura”, afirmou o professor Rubem Alves, na sua vinda a Contagem, no dia 10 de setembro. Mais de 800 educadores do município puderam compartilhar com o autor mineiro experiências dos ensinamentos nada burocráticos sobre leitura, conforme ele próprio define. Rubem se diz impressionado com o programa de leitura desenvolvido na Rede Municipal de Ensino, mas para ele, as escolas são culpadas pelo fato dos alunos não gostarem de ler, pois obrigam a lerem livros que não querem. Ao contrário, Rubem sugere que os professores deveriam proporcionar que as crianças e adolescentes primeiro ouçam a leitura para descobrir sua própria música.

A palestra ministrada pelo professor, em parceria com a Editora Paulus, faz parte do Programa de Leitura Além das Letras desenvolvido nas escolas municipais de Contagem. Rubem Alves nasceu em Dores da Boa Esperança, sul de Minas Gerais. Tem 75 anos, três filhos e cinco netas. É Bacharel em Teologia, doutor em Filosofia, psicanalista e professor emérito da Unicamp. São mais de 50 títulos publicados para leitores entre adultos e crianças.

Conhecido como crítico do sistema de ensino brasileiro, ele deixou seu recado quando garantiu que não existe maneira de ensinar alguém a gostar de ler, pois a Literatura não serve para despertar a consciência crítica, mas simplesmente para o deleite e o prazer de entrar num mundo imaginário. “Toda criança e adolescente tem o direito de não ler o livro que não quer. Se eles são obrigados a ler e ainda são cobrados pelas escolas tomam raiva do livro. Não é possível ensiná-los a desenvolver o hábito de leitura, se eles não criarem o amor pela Literatura”, afirmou.

Rubem explica que para ler é preciso alienação para entrar no mundo da estória e o próprio livro é encarregado de seduzir o leitor para que este o devore. Ele também afirma que os melhores livros são aqueles que merecem ser relidos. “Para levar os jovens ao mundo da Literatura é preciso ser fiel a eles e dizer não aos burocratas. Burocratas são aqueles que exigem fichamento do livro, que o aluno mal faz, seguem o diário na ponta da caneta, obrigam os alunos a lerem livros chatíssimos de história da França, por exemplo, e depois cobram na prova cada detalhe insignificante, entre outros exemplos”, afirmou.

Ao finalizar a palestra, Rubem incentivou os professores a burlar a burocracia. “Os burocratas não merecem sua verdade e não vão fazer nada com ela, nosso compromisso é com o aprendizado dos nossos jovens, vamos manter a fidelidade a eles e mostrar a música da Literatura. Eu sei que temos autoridades presentes e temos que respeitar, mas me desculpem, na minha idade posso falar o quero, e quero incentivar os educadores”, concluiu. Foi aplaudido de pé, inclusive pelas autoridades.

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